De um modo geral, desde o fim do ano de 2022 a cotação do ouro tem mostrado tendência de alta. De lá para cá, a commodity não enfrentou nenhum cenário de mercado negativo – bear market, no jargão do mercado – e renovou recordes recentemente, se mostrando como uma das classes de investimento mais rentáveis em março de 2025 e nos últimos 12 meses.
Na segunda-feira, 31, novamente, a cotação do ouro renovou máximas históricas, operando acima dos US$ 3.150 por onça-troy, em um movimento de apreciação que reflete os crescentes temores acerca das tensões comerciais desencadeadas pelas tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Segundo estudo da Consultoria Elos Ayta, a rentabilidade do ouro foi de cerca de 41% em 12 meses, superando Bitcoin (34%), CDI (11%) e Ibovespa (-1,6%) na mesma janela.
Olhando somente para o mês de março, o metal saltou 10,8%, superando as small caps brasileiras, que saltaram 6,7% no período. No mês em questão o Ibovespa subiu 6% enquanto o Bitcoin depreciou 6,2%.
Entenda o que está fazendo o ouro subir e renovar recordes
Os fatores relacionados aos EUA seguem tendo o peso mais relevante na cotação em períodos mais recentes. O mercado teme que as diretrizes comerciais do governo do republicano possam aumentar a inflação e desacelerar o crescimento econômico dos EUA.
Dessa forma, Trump tem sido o principal fator para impulsionar o preço do ouro mas, além disso, pesam também outros fatores.
Incertezas geopolíticas, com tensões internacionais e instabilidades políticas, aumentaram a atratividade da commodity, que serve como proteção para riscos.
Nesse contexto, bancos centrais – especialmente de países emergentes – têm aumentado suas reservas com o metal precioso, exercendo então uma pressão compradora e impulsionando o preço.
A China, por exemplo, ampliou suas reservas em 44,17 toneladas no ano de 2024, chegando a total recorde de 2.279,57 toneladas.
Somado a isso, ETFs da commodity têm ganhado espaço no mercado financeiro nos últimos anos, colocando a commodity em mais prateleiras de corretoras.
O fundo Direxion Daily Junior Gold Miners Index Bull 2X Shares (JNUG) sobe 80% em uma janela de 12 meses, por exemplo, ao passo que o VanEck Junior Gold Miners ETF (GDXJ) salta 45% no mesmo período – acompanhando a apreciação substancial do ouro nos últimos tempos.
A liquidez e o fluxo de investimentos nesses fundos nos EUA também tiveram aumentos significativos nos últimos meses. Segundo dados do World Gold Council (WGC), de fevereiro de 2025, os ETFs de ouro registraram uma entrada de 52,4 toneladas métricas, totalizando aproximadamente US$ 5 bilhões.
Esse volume representou a maior entrada semanal desde março de 2022. Com isso, elevou as participações totais desses fundos para 3.326,3 toneladas, que é o maior nível desde agosto de 2023.
No Brasil, a XP lançou em 2020 o GOLD11, primeiro ETF do metal precioso do país, abrindo as portas para esse mercado. Neste ano de 2025 a Investo lançou o GLDX11, o primeiro ETF brasileiro lastreado em barras físicas de ouro.
Por fim, as expectativas de cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos EUA, também tornam a commodity mais atrante.
Isso, dado que quando o Fed diminui as taxas de juros, os rendimentos de investimentos de renda fixa, como títulos do governo, tendem a cair. Isso por consequência torna o ouro – que não oferece rendimento direto – mais atraente, já que os investidores buscam alternativas que preservem seu poder de compra.